05 junho, 2010

O pic-nic da saloiada



Salazar continua entre nós, se é que alguma vez nos deixou. Senão vejam. «Pobrezinhos, mas muito alegres», foi como uma das participantes do mega pic-nic da saloiada, organizado pelos supermercados «Modelo», que reuniu uns 80 mil participantes no Parque Eduardo VII, definiu o estado de espírito dos presentes, em declarações a um canal televisivo. Os pretextos eram nobres, despedir a selecção e ouvir o Tony Carreira. O Belmiro, com o beneplácito do autarca Costa, que só abre o Parque para espectáculos deste calibre, ofereceu dezenas de milhares de bolas, bonés e outros adereços a uma turba desvairada, completamente anestesiada face aos problemas nacionais. O principal jogo do dia foi saber quem conseguia levar mais bolas para casa, dentro de sacos ou debaixo das t-shirts, formando improvisadas e volumosas barrigas. Por momentos parecia estarmos em plena acção humanitária de distribuição de mantimentos num campo de refugiados. Falso alarme.
PS: O romancista francês Balzac dizia, em meados do século XIX, que se não fosse pelas tabernas, o Governo seria derrubado em França todas as semanas. Hoje passa-se o mesmo. Sem futebol e sem mega-pic-nics da saloiada este governo já faria parte da história.

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