14 agosto, 2008

«La suerte custa mucho trabajo»

Bela operação de charme a entrevista/passeio com Quique Flores. Ganhou a SIC e ganhou o Benfica. A estação, em audiência, e o clube no capitalizar da imagem de confiança do treinador junto dos adeptos. Quique não diz o estafado «salir a ganar» do seu compatriota Camacho, preferindo, antes, o mais poético, «la suerte custa mucho trabajo». Flores parece mesmo um Mourinho castelhano. Moderno, usa iPhod, gosta de artes, cinema, veste casual e formal, quando é preciso, mas é, seguramente, mais simpático que o português. Menos dissimulado, porventura. Sabe de cor e salteado as técnicas de motivação, as filosofias e as frases-chave para «agarrar» os jogadores. Ficou a saber-se que foi esta equipa técnica que pediu ao Benfica para pintar de preto as redes das balizas da Luz. Que não seja sinal de enterro e que a sorte (e os resultados, se não for pedir muito) o acompanhem. Desejo de benfiquista.

O ecrã traiu a égua

Já aqui falámos da participação portuguesa em Pequim. Reconhecemos que não é bonito «bater no ceguinho», mas há aspectos pitorescos que não podemos ignorar. Elenquemos os mais inusitados: a judoca Telma Monteiro «atirou-se», como gato a bofe, ao árbitro, responsabilizando-o pela sua eliminação; o atirador Nuno Pombo foi afastado por não conseguir fixar a mira do seu arco. Já hoje, em transmissão que tivemos oportunidade de visionar na TV, o cavaleiro Miguel Ralão Duarte, desistiu da sua participação na disciplina de «dressage» das provas equestres devido ao medo que a égua, baptizada com o esotérico nome de Oxallys da Meia Lua, mostrou quando viu o ecrã de video instalado no recinto. Convenhamos que há coisas muito pouco normais...

Repórteres de guerra e de secretária

Fonte bem informada, contou-nos que a intrépida repórter Sandra Felgueiras, bateu o pé diante da senhora directora Judite de Sousa, recusando o «convite» da direcção de informação para ser a enviada especial da RTP ao conflito que opõe russos e georgios na Ossétia do Sul. A filha da autarca de Felgueiras preferiu ficar na redacção da Marechal Gomes da Costa a acompanhar, minuto a minuto, o moribundo Caso Maddie. Quem não perde uma é o «orelhas». Rodrigues dos Santos apanhou o primeiro avião para Tblissi e, por certo, vai arranjar matéria sumarenta para um dos seus próximos livros.

A frase do dia

«Tem sido uma participação normal. Nestas alturas somos todos muito optimistas quanto a medalhas, mas esquecem-se que são 207 países e ficar em 7.º ou em 9.º não é mau. Também ouvi há uns meses dizer que a selecção de futebol era favorita a ganhar o Europeu quando nunca fomos capazes de ganhar fosse o que fosse até hoje», Moniz Pereira, treinador de atletismo, comentando a presença portuguesa dos JO de Pequim, «Record», 14 Agosto 2008

Muito brincadeira e alguns «cogumelos»

Ao sexto dia a participação portuguesa em Pequim continua a ser insignificante. O chefe da equipa olímpica portuguesa de trampolins meteu a boca no trombone para dizer umas verdades. Luís Nunes afirmou que «em Portugal continuamos a brincar um bocadinho ao desporto. Continuamos a ter a sorte de ter uns cogumelos, como alguém disse, atletas que aparecem de vez em quando e que fazem resultados óptimos em alguns desportos». Subscrevo. É o que se chama viver da utopia e estar, permanentemente, estar à espera que chova.