09 janeiro, 2011

O hotel dos segredos

Com o país no buraco e em plena campanha eleitoral para umas presidenciais (coisa sem importância...), os meios de comunicação social tiveram neste início de ano uma prenda de Natal com atraso: o folhetim do cronista alegadamente castrado num hotel da «cidade que nunca dorme». Notícia de abertura nos telejornais dos três canais, com o canal público a conceder-lhe 11 minutos de tempo de antena, com enviados especiais em Nova Iorque, opiniões de advogados e procuradores e depoimentos da família, amigos e do periquito do «modelito» Renato. Aferir a orientação sexual do alegado companheiro de Carlos Castro e se o cronista foi ou não realmente castrado é agora o grande desafio dos «mass media». Depois da «Casa dos Segredos», novo reality show estreia no nosso país, «Hotel dos segredos». Durante uns dias estará em curso um processo de narcotização da opinião pública.

O coração de Jardim e as diabruras de Coelho

Mesmo no novo ano, continua a malapata madeirense. O coração de Jardim pregou-lhe um susto e o líder regional de teve ser internado no hospital central do Funchal. À beira de completar 69 anos, curioso número como diria o outro, Alberto Jardim é daqueles políticos que não imaginamos afastado do teatro de operações do nosso mundinho. Odiado ou amado, não deixa ninguém indiferente e esse, sempre foi, o seu maior trunfo. Admite-se que a causa do seu enfarte de miocórdio tenha sido por questões de excesso de stress, mas não custa acreditar que o homem terá ficado profundamente desgostoso com a candidatura presidencial do seu conterrâneo, José Manuel Coelho. E depois de ter visto a entrevista do Coelho, que como diz o seu lema de campanha quer um poleiro, à «Doutora Judite», deve ter ficado pior. O candidato madeirense embaraçou a entrevistadora, perguntando-lhe insistentemente porque é que tinha sido excluído dos debates com os outros candidatos. Judite de Sousa «segurou o barco», mas é de prever que tenha dado uma descasca a Coelho nos bastidores. Para os sociólogos do regime vai ser interessante analisar na noite de 23 de Janeiro os resultados de Coelho e Defensor de Moura, dois outsiders, interpretando-os à luz dos votos de protesto.

FMI? «Jamais»!

Os principais jornais espanhóis e alemães antecipam este fim-de-semana o que há meses parece inevitável: o FMI apresta-se para resgatar Portugal do fundo do poço. No dia de ontem, em declarações cândidas aos jornalistas, Sócrates e Vieira da Silva, fizeram-me lembrar o ministro da Informação do governo de Saddam Hussein, que batia o pé garantindo que os americanos nunca entrariam em território do Iraque, na altura em que os primeiros tanques já invadiam Bagdad. O Sócrates vai dando carros eléctricos aos portugueseses, mas está visto que os carros ecológicos ainda não matam a fome da populaça.