25 março, 2009

Música para certos ouvidos

O cenário é, para já, virtual, mas se a ideia chega aos ouvidos dos magnatas da comunicação social, pode ter pernas para andar. Só acho que os deputados da nação também deviam assinar esse novo contrato. Os Pc's novinhos em folha no hemiciclo são uma tentação para uma «tuitada» ou uma «blogada».

Lucílio e a violação do segredo bancário

Levianamente, supondo-se, contudo, que sem intenção de criar uma batalha campal no centro da cidade, o «Correio da Manhã» revela numa notícia hoje publicada que o árbitro Lucílio Baptista tem estado esta semana a trabalhar normalmente na dependência do BES, no Saldanha, no coração de Lisboa. Admite-se que o homem esteja resguardado, longe do balcão da sucursal, mas manda o bom senso, com a fogueira ainda a arder, que se evitem revelações desta natureza. O próprio Ricardo Salgado não gostaria, por certo, de ver repetida, embora noutros moldes, a invasão à dependência do BES de Campolide, no Verão passado. É chover no molhado, está bom de ver, mas fica o reparo.

Um advogado cheio de certezas

Quando um advogado começa a aparecer na alta roda mediática, protagonizando a defesa de não menos conhecidas personalidades, algumas com jeito para o gamanço, outras nem por isso, é prenúncio de que algo importante pode vir a acontecer. Aconteceu com Rogério Alves. Chegou onde chegou e não ficará por aí. Carlos Pinto de Abreu segue-lhe as pisadas. O homem ainda vai a bastonário. Pelo menos. Depois de defender os McCann, o advogado do poderoso escritório de Germano Marques da Silva, meteu mãos à obra ao processo que envolve Isaltino Morais. Aos jornalistas, disse em defesa do seu constituinte e do concelho que lidera: «o arguido pode ser acusado de muita coisa, de não ter declarado algumas quantias, de ter errado algum despacho, mas nunca de com isso obter algum propósito egoísta», referiu. Para se "enterrar" um pouco mais, acrescentou que num município com o desenvolvimento e a «transparência de procedimentos» como o de Oeiras «não há corrupção».
Lapidar constatação a de Pinto de Abreu. Tantas certezas. Onde há desenvolvimento não há corrupção. Para meditar.

Não li, não vi, mas assino por baixo

Especialmente fértil em «pérolas» este dia de «S. Isaltino», tal foi a profusão de episódios relacionados com o autarca de Oeiras. À saída do tribunal de Sintra, Isaltino Morais admitiu, com muita tranquilidade (como agora se diz), que durante as suas funções, deverá ter cometido inconscientemente «muitas ilegalidades», já que os presidentes de Câmara acabam muitas vezes por «despachar milhares de coisas que não lêem» ou «assinar tudo o que lhe põem à frente». Falta de sinceridade não lhe falta. Agora imaginem os autarcas dos 308 municípios, intencionalmente ou por manifesta falta de tempo, a fazerem o mesmo. Talvez fosse oportuno questionar o senhor presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses sobre o assunto. É só uma sugestão.

Monstruosidades


Uma bronca, inadvertida ou talvez não, manchou o Telejornal da RTP-1, esta noite. Explicamos: quando o pivô, José Alberto Carvalho, que por acaso também é director de informação do canal, introduziu no alinhamento o início do julgamento de Isaltino Morais, surge no canto superior direito a imagem de Josef Fritzl, o «monstro» de Amstetten, e a palavra «Julgamento». A gaffe prolongou-se por apenas 4 ou 5 segundos, mas motivou um pedido de desculpas por parte do apresentador, cerca de 20 minutos depois, em pleno Telejornal. Um providencial telefonema terá desfeito o lamentável equívoco. Nem de propósito, Isaltino recusou hoje em julgamento todas as acusações que lhe são feitas pelo Ministério Público, afirmando que o processo se refere a um inexistente «monstro» preocupado apenas em «enriquecer e violar a lei». Uma coincidência, no mínimo macabra. Será que na RTP associaram o «monstro» de Amstetten ao alegado «monstro» de Oeiras?

Ainda os ecos do derby

«Padre sportinguista recusa baptizar crianças com nome Lucílio. Se a moda pega, os benfiquistas devem recusar os "Pedros"...»

«Pedro Silva fez mal em mandar a medalha para o chão. Lixo daquele é no Ecoponto amarelo.»

«Lucílio com doutoramento honoris cosa nostra»

Fonte: www

Os custos da democracia

Foi há pouco inaugurada a renovada sala do Parlamento. A plataforma que sobe e desce em função da altura do orador e os computadores instalados nos 230 assentos dos senhores deputados são as principais novidades de uma empreitada que custou mais uns milhões em derrapagens ao erário público. Valha-nos o consolo de a partir de agora existir em Portugal, segundo as palavras de Jaime Gama, «um dos parlamentos mais modernos da Europa e do mundo». Nunca mudamos. Tesos como um carapau, mas sempre com tentações de novos ricos.