30 julho, 2009

Já foram felizes, agora querem ser «europeus»

Há não muito tempo, a Islândia e os seus habitantes eram considerados o país mais feliz do mundo. Acontece que a crise impactou em cheio no sistema bancário e financeiro do país do norte da Europa e não restou alternativa: pedir a adesão à sempre piedosa União Europeia, uma autêntica «Santa Casa da Misericórdia», onde cabe sempre mais um. Acontece que a Islândia é um país rico e fiável. A presidência sueca quer mesmo uma espécie de adesão automática dos seus vizinhos nórdicos. Os países dos Balcãs que querem entrar no «el dorado» do «velho continente» têm a vida mais dificultada, como é o caso da Croácia. Adiamentos e adiamentos, demonstram que existe o temor que os fantasmas da guerra que dilacerou aquela região europeia regressem. Contudo, os líderes europeus esquecem que o verdadeiro «cavalo de tróia» no seio da penosa construção europeia pode estar na Islândia e não nos Balcãs. A Islânda é potencialmente um país eurocéptico. A maioria parlamentar favorável à integração é muito escassa. Na ânsia de integrar mais um membro, com inegáveis credenciais, não seria de admirar que a Islândia fosse uma nova Irlanda, com constantes rejeições de tratados vitais para o processo. Barroso vai ficar para a história enquanto presidente da Comissão Europeia, mas não será, certamente, pelos melhores motivos.

Um demagogo com a lição bem estudada

É ponto assente que Paulo Portas é um demagogo de primeira água, mas não é menos verdade que desarma qualquer um quando afirma, na entrevista a Judite de Sousa, que os portugueses estão fartos de um governo que tem «1601 dias» de vida (como é possível, já estamos a aguentar há tanto tempo?) e que o programa eleitoral do PS faz pensar que «o Natal chegou em Agosto». Igual a si próprio: um mestre na arte do sound-byte.

Trabalho e produtividade

Mão amiga fez chegar até nós o editorial do director do «Jornal de Negócios», de ontem, quarta-feira, em que Pedro Guerreiro fala sobre a carga horária dos trabalhadores portugueses e a relação do tempo de trabalho dispendido e a efectiva produtividade. O artigo vale pelo seu conteúdo integral, mas importa destacar o trecho que de seguinda apresentamos e que, certamente, simboliza o que muitos dos leitores já testemunharam nos respectivos locais de trabalho. Fingir que se trabalha é mesmo um desporto nacional:
«(...) Os hábitos de total falta de auto-indisciplina de trabalho dos portugueses estão estudados. O mito, ainda não desmentido, é o de que os portugueses trabalham muita parra para produzir pouca uva, horas a fio entre reuniões longuíssimas que começam sempre atrasadas depois de intervalinhos para café. Mais: temos medo de sair cedo, parece mal, antes do chefe nem pensar, as mães que o ousam são apontadas de lado, o importante é colocar o casaco nas costas da cadeira muito cedo e desligar a luz muito tarde. E depois dizer, num desabafo que é metade cansaço e metade bazófia, que trabalhamos muitas horas. Coleccionar horas de trabalho é uma espécie de estatuto, uma paranóia nacional, tal como ter muitos "amigos" no Facebook: o que interessa é que sejam muitos(...)»

Duas ilhas, duas posturas

Quem disse que o Verão é uma silly season? Em dia de redenções, Cavaco também teve a sua. O Tribunal Constitucional deu razão às dúvidas formais do Presidente, no polémico Estatuto dos Açores. Curiosamente, esta notícia apanha Cavaco na Madeira, no papel de anfitrião de uma visita dos monarcas espanhóis, arquipélago onde as violações constitucionais e democráticas são bastante frequentes, como a proibição de um deputado, eleito pelo povo, aceder à assembleia legislativa regional, por mero capricho do poder instalado, já para não falar dos dislates do conselheiro de Estado, Jardim, no seu habitual exercício de «tiro» aos pratos. Até à data, as consequências foram nulas.

A redenção de Fátima

Hoje é o dia para a D. Fátima Felgueiras comemorar com uma taça de champanhe com o seu amigalhaço, o procurador Lopes da Mota - o tal que fez o providencial telefonema, aconselhando-a a fugir de carro para Madrid e apanhar o primeiro voo para o Brasil, quando a Justiça ia detê-la para interrogatório. Fátima Felgueiras foi esta manhã absolvida pelo Tribunal de Felgueiras de acusações por sete crimes de participação económica em negócio e um de abuso de poder, no caso do alegado financiamento do clube da terra pela autarquia. Está bom de ver que Fátima, Valentim e Isaltino ainda vão acabar por receber um galardão e pedir uma choruda indemnização ao Estado. Ou seja, para ser paga pelos nossos impostos.

A frase do dia

«Não se percebe bem é porque é que o PS, ao mesmo tempo que paga aos portugueses para fazerem filhos, se propõe distribuir gratuitamente preservativos», Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 30 Julho 2009