26 junho, 2010

Soares & friends

Mário Soares é, de facto, um fenómeno. Uma parada de estrelas, nacionais e internacionais, deslocou-se aos confins do país, a Arcos de Valdevez, para um ciclo de conferências de homenageia ao «pai da pátria», que se assemelham a um elogio pré-fúnebre ao ex-Presidente. Da esquerda, em maioria, passando pela direita, ele são políticos em funções, políticos retirados, políticos frustrados, ex-embaixadores, investigadores, ensaístas, directores de jornais estrangeiros, etc, etc. Até Gorbatchov mandou um video laudatório.
Este «Concelho de Estado» minhoto, uma ode a Soares, percorrendo a sua vida e obra em três dias, parece um daqueles jogos de beneficência que os Figos, os Zidanes e os Maradonas costumam fazer para angariar dinheiro para as crianças com fome e outros desfavorecidos. Soares é o craque, claro está. Os convidados, também como no futebol, participam com gosto na homenagem. Mas ao contrário dos jogos de beneficiência, este evento não vai terminar em empate. A equipa de «Soares & friends» já ganhou. Por goleada. Os detractores do fundador socialista não compareceram.

A verdade, segundo Cavaco

Não quero ser desagradável, mas o Presidente está a fazer demasiado campanha eleitoral antes do tempo para o meu gosto. O governo não é flor que se cheire, mas Cavaco não perde uma para atirar mais uns grãos de areia para a sepultura. Hoje voltou a pronunciar-se sobre a polémica em relação ao «insustentável» para remeter os jornalistas para a página da Presidência na web, sublinhando que é lá que reside a «verdade». Mas qual «verdade»? Para quem tanto apregoa a coesão nacional e o optimismo, o que se constata é que pé do Presidente está a fugir para a chinela.

Acabou o efeito do tranquilizante

Jardim despertou da letargia provocada pelo tranquilizante que o Governo da República lhe aplicou na sequência da tragédia de 20 de Fevereiro, ao pedir a demissão do ministro das Finanças devido a um alegado «boicote» de Teixeira dos Santos à Zona Franca da Madeira. O presidente do governo regional continua, no entanto, a poupar José Sócrates. Até quando?

Gestão tablóide

Já se sabe que Joaquim Oliveira é um obcecado pelas finanças. Comenta-se com insistência que vai encerrar o tablóide «24 horas», publicação que integra o seu grupo, a Controlinvest, devido ao seu crescente défice e vendas sofríveis, mas o dono da Olivedesportos não abdica das suas frequentes viagens ao estrangeiro, em voos fretados pela Cosmos, a sua agência, convidando centenas de poderosos do mundo da banca, da política, da televisão e do desporto. Aliás, metade do país que conta está por estes dias na África do Sul.