08 agosto, 2008

A perfeição existe




A superstição do número 8 parece ter dado sorte aos chineses que conceberam uma cerimónia de abertura das 29ª olímpiadas o mais feérica e memorável que imaginar se possa. Pensávamos que tínhamos visto tudo em 1992, em Barcelona, quando o arqueiro acendeu, com a flecha, a chama olímpica, mas no estádio do «ninho de pássaro», coube ao lendário ginasta Li Ning, a responsabilidade do simbólico acto. Li «voou» sobre o céu de Pequim e percorreu, em torno do estádio, uma espécie de pista virtual até acender a chama olímpica para delírio dos presentes. Apesar do excesso de pormenores e do tempo gasto em certos momentos da cerimónia, o balanço final não podia ser mais positivo, revelador da obsessão de um povo.
Os homens não brincam mesmo em serviço. Numa noite sem vento, os organizadores foram ao ponto de colocarem durante as 4 horas do evento as bandeiras da República Popular da China e do Comité Olímpico Internacional em permanente ondulação, socorrendo-se de uma técnica oriental, cuja natureza não foi revelada.

Poupem-nos!

Na noite em que a polícia «tuga» marcou pontos, os jornalistas pé-de-microfone voltaram a envergonhar a classe. Ricardo Carvalho, fixem este nome, foi atirado às feras na SIC-Notícias, para o primeiro grande directo da sua carreira. Balbuciou, atrapalhou-se vezes sem conta, disse repetidamente «a gente», etc, etc. Mas o cúmulo aconteceu quando «apurou» junto dos amigos da refém que a senhora, «divorciada e na casa dos 33 anos», «tinha 3 filhos, mas que estes não tinham assistido ao sequestro porque estavam a passar férias com o pai». Poupa-nos, Ricardo! Espero que amanhã, lá na redacção em Carnaxide, te expliquem que há pormenores que dispensamos, mesmo que a única preocupação seja «encher chouriços».

Hollywood na silly season

A silly season brindou-nos com um acontecimento de parar o país. O assalto à dependência do Banco Espírito Santo (Ricardo Salgado tem sina e começa a ser conhecido como o banqueiro dos barricados) em Campolide, perpetrado por dois camaradas brasileiros, caiu como sopa no mel para os «media», necessitados que estão de um Agosto fraco em termos noticiosos. A SIC brindou-nos com 2 horas de telejornal e com um longuíssimo directo no seu canal do cabo. A TVI de Moniz, entretida com a tourada, chegou tarde à corrida.
Este caso vai reacender a polémica sobre a segurança em Portugal e, especialmente, sobre o relacionamento dos portugueses com as comunidades que acolhemos. Para ser sincero, não gostaria nos próximos dias de ser um brasileiro a residir em Portugal.