07 junho, 2011

A frase do dia

«Adoro-vos», José Sócrates, secretário-geral cessante do PS, em curta mensagem de despedida dirigida aos dirigentes da comissão nacional do PS reunidos num hotel de Lisboa, Agência Lusa, 7 Junho 2011

Museu da Dívida Externa

Quase por carambola, fiquei a saber que a Argentina tem um Museu da Dívida Externa, onde são relatados todos os quentes episódios do colapso financeiro que atingiu o país no início da década passada. O dito museu fica na cave da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade de Buenos Aires. Acho que faz todo o sentido, que se ainda existirmos enquanto país daqui a uns 10 anos, abrir um museu em moldes semelhantes. Sugiro que o primeiro documento apresentado na exposição seja aquele que o PS assinou com a troika, com o título: «Como fazer orelhas moucas a um acordo com o FMI, mesmo sabendo que dele depende a nossa sobrevivência». Claro está que dado o espólio de papelada e disparates que teremos acumulado até o ano 2021, entendo que uma cave é manifestamente insuficiente para albergar todo o material coligido. Que tal o abandonado Pavilhão de Portugal? Este prodígio do mestre Siza Vieira está ao Deus dará e é bem simbólico de como se estafou dinheiro sem qualquer utilidade prática depois da Expo 98.

A valsinha das medalhas

Como qualquer presidente que se preze, Cavaco adora a cerimónia da valsinha das medalhas, que se aproxima perigosamente. É já sexta-feira, em Castelo Branco. E quando as distinções vão para amigos, neste caso, amigas do peito, a coisa atinge o êxtase. Manuela Ferreira Leite, uma espécie de reflexo de Cavaco no feminino, vai levar uma medalhinha para decorar a casa, certamente pelos bons serviços prestados à pátria na queda do socratismo. Não contribuiu para o derrube da ideologia, mas ajudou a desgastar.

Alta diplomacia ao almoço

Obama - Não me lixe, Frau Merkel. Preciso de ser reeleito em 2012 e para isso preciso que a Europa tenha crescimento económico. Corra com os empecilhos...

Merkel - Não se preocupe, Presidente. Os gregos e os portugueses já têm o seu destino traçado. Vão levar um pontapé no traseiro e ficarão fora do Euro. Temos é de arranjar um tacho na ONU para o nosso amigo Sócrates que agora ficou desempregado. Não consegue mover as suas influências?

A varina Gomes

A «gira» da Ana Gomes despiu o fato de diplomata para trajar as suas vestes mais reles. No rescaldo da noite eleitoral, em que o PS levou para contar, a varina com banca aberta no Largo do Rato arrotou umas coisas visando Paulo Portas, acusando-o de não ter condições políticas e pessoais para integrar o futuro governo de coligação. Gomes referia-se aos submarinos e, pasme-se, ao caso Casa Pia. Só faltou mesmo mencionar a célebre Catherine Deneuve que quando o céu ficava escuro como breu dava umas escapadinhas ao alto do Parque Eduardo VII, também conhecida pela Alamada do Cardeal Cerejeira - Deus o tenha em descanso. Sobre os rabos de palha de Sócrates, nem uma palavra. O pugilismo promete mesmo continuar. Cumprir prazos da troika? O tanas.

Justiça à islandesa

O ex-primeiro-ministro islandês, Geeir Haarde, sentou-se hoje pela primeira vez no banco dos réus de um tribunal criado para julgar políticos responsáveis por actos negligentes durante o seu mandato. Aqui tenta-se aferir qual foi o papel de Haarde no colapso bancário que afectou aquele país nórdico em Outubro de 2008. A justiça portuguesa está como está, e seria pedir demasiado termos um tribunal equivalente, mas a existir certamente que Barrosos, Guterres, Sócrates, Santanas e, já agora, Cavaco, que esteve longe de ter feito uma década de consulado imaculado, deviam lá ir bater com os costados. Se me permitem o atrevimento, o juiz podia ser o meretíssimo Carlos Alexandre. Tenho dito. Está encerrada a sessão!