Os últimos dias têm sido férteis em tragédias envolvendo crianças. Um verdadeiro maná para os «predadores» da informação emotiva. O «Correio da Manhã» de domingo passou das marcas. Foi exaustiva a descrição que a jornalista Manuela Teixeira fez do estado de espírito dos pais do pequeno João Pedro, a criança que faleceu esquecida no carro do progenitor, no dia do funeral. «A revolta» da mulher contra o marido, transformada, depois, em «choro compulsivo» de Liliana no ombro de João Carlos atinge o apogeu por ocasião do enterro, dentro do cemitério, trecho que passamos a citar: «Já no cemitério, o caixão foi aberto para a família se despedir do bebé. Neste último adeus ao filho, João Carlos desfez-se em lágrimas, enquanto a mulher desfaleceu.»
Haja decoro! Se a auto-regulação dos órgãos de comunicação social não funciona e a ERC só serve para alimentar uns «tachos», o melhor é arranjar alternativas para combater a acelerada degradação que grassa nas páginas dos jornais e nos ecrãs televisivos. Da mesma forma que há uns anos se rubricou um pacto para não dar notícias em directo de barricados, informações deste teor deviam ser difundidas de forma factual, com o máximo de recato e sem pormenores mórbidos.
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