De culpado a vítima, de vilão a herói

Está a fazer escola os «injustiçados» da nossa Justiça recorrerem à entrevista televisiva em prime time para a sua defesa judicial. Depois de D. Fátima Felgueiras em directo do Brasil, esta noite foi a vez de Vale e Azevedo em directo de Londres, para aumentar as audiências do Jornal da Noite da SIC. Com a lição bem estudada e uma argumentação típica de advogado, nunca se deu por culpado, nem na sentença transitada em julgado, nem no processo que lhe valeu a pena de seis anos, entretanto já cumprida. Não parou de bater na tecla que a Justiça portuguesa não presta e que é uma vítima do seu mau funcionamento, queixando-se de estar a ser perseguido. E também disse, para envergonhar tudo e todos, que se o quiserem, terão de o ir buscar a Londres, referindo não querer ser, uma vez mais, «o bobo da Justiça portuguesa». Perante esta desarmante desfaçatez e acutilância, o povo fica confuso e até não se importa de transformar um vilão em herói. Da Justiça nem vale a pena falar. Pura e simplesmente não existe.