Foi anunciado como um acontecimento e não desiludiu. O fim
do silêncio do engenheiro foram cerca de 90 minutos de puro entretenimento no canal
público de televisão. Pode parecer embaraçoso confessar, e admito que é uma estranha forma
de sebastianismo, mas já tínhamos algumas saudades da gravatinha cor azul turquesa,
do franzir do sobrolho, do seu ar de enfado, do esgar de reprovação, do seu ar
cândido subitamente alterado para o registo crispado e colérico, da arte de
manipular a conversa e de condicionar os entrevistadores. Os dois anos de exílio
em Paris não o mudaram nada. Penso que até o refinaram. Obstinadamente preparado, como
sempre, mesmo que à custa de muita mentira e efabulação, denunciou os
«embustes», a «mistificação» e tudo fez para contrariar as «doutrinas» e as
«narrativas», termo que repetiu «ad nauseam». Citou a «Divina Comédia» de
Dante, confessou estar a colaborar com a RTP «pró bono» e referiu que foi para
Paris com um empréstimo do seu banco, a CGD. Vingativo até à medula, ajustou
contas com os seus inimigos com deleite, quase com prazer masturbatório. Primeiro com Cavaco, «a mão
escondida por detrás do arbusto» (uma frase tão deliciosa quanto assassina), acusando-o de fazer cair o seu governo e depois com as «ignóbeis
campanhas» do Correio da Manhã, durante a sua permanência na «cidade luz».
Foram duas bazucas dirigidas a Belém e ao jornal da Cofina. Como se saiu o
ex-Primeiro-Ministro? Muito bem. Disse muitas verdades, mas se estivesse ligado
a um detector de mentiras certamente a máquina teria explodido por exaustão de
funcionamento. Este foi o seu primeiro exercício de vitimação. O primeiro acto. Depois
da Páscoa o renascer das cinzas terá mais episódios. Audiências garantidas.
28 março, 2013
26 março, 2013
O espião que regressou ao tacho
Por falar em vergonha ou da falta dela, o Governo arranjou um tachinho ao espião Jorge Silva Carvalho na Presidência do Conselho de Ministros. Onde está que, onde está quem? O Relvas!!! À descarada. Estes políticos são verdadeiras meretrizes sem pudor. Ao pé do espião o amigo Franquelim é capaz de ser o tipo mais ingénuo deste mundo e arredores.
Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu
Já agora, ainda voltando a falar de vergonha ou da falta dela, o Almeida Henriques vai abandonar o Ministério da Economia para ir tratar da vidinha dele em Viseu, onde se candidata a sucessor do «Saddam. das Beiras», Fernando Ruas. A falta de pudor é tal que o Henriques promete ficar até Maio em Lisboa a tomar conta de uns dossiers que tinha em mãos. Coisa boa não vai ficar a fazer. Só depois é que sai para o seu combate eleitoral. O cúmulo é que ninguém o substitui. O trabalho já era pouco na Horta Seca....
Quem tem medo do seu olhar feroz?
Quando
políticos se põem a falar de políticos só pode sair muita porcaria para a
ventoinha. Os podres vêm ao de cima, como um esgoto entupido. Morais
Sarmento disse de Sócrates que o ex-PM «é um homem sem medo e
sem vergonha», Judite de Sousa diz dele que é um entrevistado que se
prepara como ninguém para as entrevistas e tenta intimidar com o seu
«olhar feroz». Isto só serve para realimentar um mito adormecido.
Sócrates regressa amanhã ao bater das 21h. Quantos de nós é que vão ter
saudades dele?
25 março, 2013
Mais outro pensionista desesperado
Dia histórico. O «citizen kane» português anunciou em comunicado que aos
75 anos, após 50 de descontos, vai meter os papeis para a reforma.
Emocionante. Acontece que se os seus funcionários pensavam que o
Balsemão ia calçar os chinelos e passar o dia a tratar do jardim do seu
T1 na Quinta da Marinha o melhor é perderem a esperança. O homem já
delegou funções no Pedro Norton e na sua vasta prole, mas promete andar
por aí, como um dia disse o Santana. Diz ele que vai continuar a andar
entre Carnaxide e Caxias, onde se localizam as sedes da SIC e do grupo
Impresa, participando nas reuniões, trocando opiniões, influenciando,
conspirando e dando umas dicas aos seus obedientes jornalistas.
Basicamente, nada muda. A Segurança Social é que vai ter mais uma
famélica boca para alimentar.
Troco de arrotos
Paulo Bento tem
qualidades, limitações, mas de uma coisa ninguém o pode acusar: de falta
de coragem para enfrentar o Papa Pinto da Costa. A partir de Baku, onde
Judas perdeu as botas, o seleccionador nacional lançou um míssil
teleguiado com destino ao Dragão, voltando a entrar em polémica com o
treinador do FC Porto, sugerindo que continuasse a «debitar postas de
pescada», caso não percebesse os seus argumentos para utilizar jogadores
do clube do Dragão. Parece-me uma linguagem bem do povo, mas seria
perfeito se tivesse utilizado o vocábulo «arrotar», fiel à expressão
popular imortalizada pelo nosso povo.
Dino Sócrates
Ficou célebre a música «Meu Querido mês de Agosto», da autoria do malogrado Dino Meira, um emigrante de sucesso em França, que engrendava umas piroseiras musicais de fazer chorar as pedras da calçada. «Ainda ontem estava em França e agora já estou cá», era uma das passagens da letra. Bem apropriada ao vai e vem que o engenheiro vai passar a fazer nas próximas semanas.
24 março, 2013
Os lamentos do capataz etíope
Parafraseando o electricista Arménio, o escurinho do Selassié diz que «é muito desapontante» que os preços da luz e das telecomunicações não tenham descido. E mais desapontante ainda é que estes camaradas da troika ainda não tenham desamparado a loja. Ironias deste valente povo e imortal que com oito séculos de história ainda acaba a receber ordens de um etíope.
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