20 julho, 2012

José Hermano Saraiva (1919-2012)


Ter pertencido ao Estado Novo ainda é parecido com ser portador de lepra. Nos obituários do costume, o único (e lamentável) defeito de José Hermano Saraiva foi ter estado sempre do lado de Salazar, de o apelidar de «ditador santo» e de dizer que o presidente do conselho deixou um país sem dívidas e sem desemprego. Em tudo o resto, como historiador, comunicador ímpar e divulgador da história de Portugal e de autor de um livro - A História Concisa de Portugal - Saraiva leva nota máxima e os maiores encómios que imaginar se possa.

3 comentários:

PS disse...

"Qualquer que seja o futuro, haverá sempre o luar,
Sintra, e o Rio Tejo a correr para o mar..." (José Hermano Saraiva)

Anónimo disse...

"Ter pertencido ao Estado Novo ainda é parecido com ser portador de lepra."

Ainda bem. Nos tempos que correm, com os filhos do homicida e torturador Estado Novo no poder haja vislumbres de lucidez. Saraiva nunca se arrependeu de pertencer aquilo. Como se lembra num blogue, até na confissão só se obtém a absolvição quando o crente se arrepende. Se o homem se assumiu como fascista a vida toda e até ao fim, porque deverá um obituário esquecer que foi fascista a vida toda?

"como historiador, comunicador ímpar e divulgador da história de Portugal e de autor de um livro - A História Concisa de Portugal - Saraiva leva nota máxima".

É que: uma merda! não sei que obituários leu, mas ninguém minimamente sério lhe elogia o papel de historiador ou de autor de livros sobre história onde tudo aquilo em que tocou nada vale cientificamente.

Safou-se como comunicador, e os fãs deveriam ficar-se por aí. Inventor de falsidades históricas como essa de omitir os custos mortais do baixo desemprego ou da dívida demonstra a extrema desonestidade intelectual da peça e dos seus cultores.

Primeiro T disse...

Penso que os mortos devem-nos sempre respeito a não ser que se tratem de explícitos sanguinários, torturadores ou criminosos (alguns dos que acompanhavam JHS). Agora o que é absolutamente desrespeituoso com os vivos, sobretudo os que mal conseguem viver, é dizer e apenas que o Estado Novo nos deixou um País sem desemprego e sem dívidas. Para além de não ser verdade (que estatisticas eram essas que não contavam, por exemplo, com os milhares de desempregados nos campos) é precioso também dizer que nos deixou um País de analfabetos, iletrados, muitos com fome para além da pobreza, sem industria capaz, com uma agricultura medieval, com taxas mortalidade infantil próprias dos Estados de África, com dezenas de milhares de mortos numa guerra para defender interesses de famílias donas de vastas roças na África, sem direito a eleições livres e regulares e o mais que se poderia dizer mas que a História que JHS nunca contou pode atestar. TR