A Selecção somos nós
Vi o jogo Portugal-Espanha num restaurante da capital, acompanhado por alguns vadios nas mesas em volta.
Digo ‘vadios’ no sentido técnico do termo: portugueses que empurram os dias com a barriga e, quando a hora do expediente termina, instalam-se em frente à televisão e desatam a exigir que a Selecção seja campeã do mundo. Curioso: nenhum deles exige de si próprio certas virtudes ganhadoras nos respectivos ofícios. Nenhum deles é dado à produtividade, ao gosto pelo risco, ao desejo de vencer. Sem falar de coisas menores, ou maiores, como a pontualidade e a assiduidade. Por isso transferem para a Selecção o que não têm e não querem.
Infelizmente, a Selecção Nacional não nasceu do vazio. Na forma preguiçosa como arrastou os pés pela África da Sul e na confrangedora ausência de vontade ganhadora, a rapaziada foi, sem ironia, a mais perfeita representante da ética lusitana e do Portugal contemporâneo. Por isso os portugueses se revoltaram contra a sua Selecção na hora do adeus. Inevitável. Ninguém gosta de se olhar ao espelho e ver aquilo que é.
Digo ‘vadios’ no sentido técnico do termo: portugueses que empurram os dias com a barriga e, quando a hora do expediente termina, instalam-se em frente à televisão e desatam a exigir que a Selecção seja campeã do mundo. Curioso: nenhum deles exige de si próprio certas virtudes ganhadoras nos respectivos ofícios. Nenhum deles é dado à produtividade, ao gosto pelo risco, ao desejo de vencer. Sem falar de coisas menores, ou maiores, como a pontualidade e a assiduidade. Por isso transferem para a Selecção o que não têm e não querem.
Infelizmente, a Selecção Nacional não nasceu do vazio. Na forma preguiçosa como arrastou os pés pela África da Sul e na confrangedora ausência de vontade ganhadora, a rapaziada foi, sem ironia, a mais perfeita representante da ética lusitana e do Portugal contemporâneo. Por isso os portugueses se revoltaram contra a sua Selecção na hora do adeus. Inevitável. Ninguém gosta de se olhar ao espelho e ver aquilo que é.
João Pereira Coutinho, colunista, in «Correio da Manhã», 4 Julho 2010
2 comentários:
Chamar «vadio» a alguém parece-me execrável. João Pereira Coutinho fala de barriga cheia.
Como sabe esse JPC que os outros são vadios? Terá almoçado com o seu amigo Alberto Gonçalves que para além dumas crónicas onde passa convicções de taxista nunca produziu nada de útil?
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