03 novembro, 2009

No reino da permissividade

38 infracções depois, Cristina Araújo ficou com o cadastro demasiado sujo para qualquer juiz pensar ser benevolente. Nos últimos 20 anos acumulou no seu registo criminal um «mix» de delitos, como a falsificação de documentos e a desobediência e atentado à integridade física, que deixaria corado um qualquer deliquente de favela brasileira. Já a mandaram para casa em prisão domiciliária, mas nem assim a visada acatou. A senhora que teima em conduzir para ir trabalhar, apesar de não conseguir passar no exame de código, foi hoje condenada a um ano de prisão efectiva. O seu advogado pondera apresentar recurso. Enquanto isso, enquanto não se conhece uma decisão, e uma vez que o crime não implica o cumprimento de prisão preventiva, a senhora deverá continuar a deslocar-se, à margem da lei, no seu automóvel. As autoridades continuam a fechar os olhos à ilegalidade, por muito insignificante que possa ser. Chegámos a um ponto, sem retorno, em que o coro de reprovação e linchamento popular só acontece no homicídio qualificado e, de preferência, com requintes de malvadez e envolvendo menores. Tudo o resto é permitido.

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