A vitória de ontem da França devia, teoricamente, unir o país, mas está a dividi-lo, suscitando forte debate em torno da identidade nacional, já para não falar do eventual conflito diplomático entre os governos gaulês e irlandês. Jornalistas, desportistas e políticos pronunciaram-se de forma distinta sobre o que se passou no Stade de France. «Estou envergonhado de ser francês. Somos uma nação de batoteiros», tem-se escutado nos múltiplos fórum promovidos por órgãos de comunicação social gauleses. Thierry Henry (herói ou vilão?) admitiu que jogou a bola com a mão, mas que não era o árbitro do jogo. Um prestigiado comentador televisivo, Thierry Roland, afirmou, sem papas na língua: «É um escândalo e uma vergonha. Foi uma sorte ter sido contra os irlandeses, porque caso fosse com outro país, mais quente, poderia ter havido mortos no estádio». Retenho, igualmente, a frase do antigo internacional irlandês e ex-jogador do Marselha, Tony Cascarino, provavelmente a opinião mais sensata, mas também a mais utópica: «As jogadas irregulares estão a matar o futebol e se Henry tivesse admitido perante o árbitro que ajeitou a bola com a mão e o golo tivesse sido anulado, teria ganho a admiração de todo o mundo do desporto. Como não o fez, a sua reputação ficará, para sempre, manchada».
Os adeptos do fair-play erguiam-lhe uma estátua, os irracionais «talibã» do futebol, bem como os patrocinadores e as televisões com interesses no Mundial da África do Sul, certamente que exigiriam a sua cabeça numa bandeja de prata.
Os adeptos do fair-play erguiam-lhe uma estátua, os irracionais «talibã» do futebol, bem como os patrocinadores e as televisões com interesses no Mundial da África do Sul, certamente que exigiriam a sua cabeça numa bandeja de prata.
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