Um dia, numa entrevista, Jorge Jesus autodenominou-se a Paula Rego do futebol. Talvez pela forma descomplexada e iconoclasta, não raro polémica, como aborda o futebol em termos tácticos, apostando num jogo de ataque, aniquilando o adversário à primeira oportunidade. Mas o que lhe sobra em conhecimentos futebolísticos, falta-lhe em maneiras e cultura. O seu jeito, a roçar o caceteiro granjeia-lhe muitas simpatias junto dos seus, sendo um autêntico molde para o chamado benfiquista-tipo, e ódios de morte no outro lado da barricada. Ele adora comprar uma boa (ou várias) brigas. O «forno interno», o «super sumo» e os «númaros» são algumas das pérolas com que Jesus nos tem brindado. Ao seu lado, Paulo Bento é um pequeno príncipe.
Se bem se lembram foi Jesus que disse que «o fair play é uma treta». O companheirismo no futebol também, a avaliar pelos inimigos que Jesus vai acumulando. Enquanto for ganhando, será o maior. Quando as coisas correrem menos bem, choverão pedras. À semelhança de Paula Rego, detentora de uma legião de fãs e de detractores, Jesus quer deixar a sua marca e pintar o país, exclusivamente em tons de vermelho. Em Maio veremos que obra-prima conseguiu fazer.
PS: Só pode ser boca. O Benfica procura contratar especialista em linguagem gestual para decifrar o que procura dizer Jorge Jesus aos seus jogadores.
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