23 julho, 2008

A verdade do inspector retirado

O inspector reformado, Gonçalo Amaral, está a dominar a semana informativa. Amanhã será um dos dias mais mediáticos da sua vida. Vai apresentar um livro com pompa e circunstância na capital e segue de imediato para duas entrevistas de fundo em dois canais televisivos. Dos extractos que a imprensa publica, Amaral revela muitos dados dos interrogatórios ao casal McCann e aos seus amigos. Garante que a menina morreu, acidentalmente, naquela noite de 3 de Maio, avança que Kate terá dado pistas sobre a eventual localização do corpo da menina e, finalmente, deixa no ar as tendências pedófilas de um dos amigos dos McCann, curiosamente o organizador da viagem ao Algarve.
«Na terceira ou quarta noite em Maiorca, depois do jantar, comendo e bebendo, quando se encontravam sentados ao redor de uma mesa num pátio exterior da casa, K.G. assiste a uma cena que lhe causa receio relativamente ao bem-estar da sua filha e das outras crianças. Estava sentada entre Gerry McCann e David Payne, quando ouviu este último perguntar se ela, talvez referindo-se a Madelein, faria ‘isto’, começando em acto seguinte a chupar um dos seus dedos, o qual entrava e saía da boca, insinuando um objecto fálico, ao mesmo tempo que, com os dedos da outra mão, fazia círculos à volta do mamilo, de uma forma provocadora e sexual. No momento em que K.G. olhou com estupefacção para Gerry McCann e para David Payne, fez-se um silêncio nervoso. Depois continuaram todos a conversar como se nada tivesse acontecido. Este episódio provocou em K.G. uma séria dúvida relativamente ao relacionamento de David Payne com crianças. Ainda noutra ocasião, K.G. voltaria a ver David Payne a fazer os mesmos gestos, desta vez falando da própria filha. Naquele período de férias eram os pais que davam banho às crianças, mas a partir dali K.G. nunca mais deixou o David Payne aproximar-se da sua filha. Depois dessas férias em Maiorca, K.G. só encontrou o casal David e Fiona Payne numa ocasião, não falando com eles desde essa altura».
Fonte: «A verdade da mentira», Gonçalo Amaral, Editora Guerra e Paz

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